Ontem, 25, ouve uma nova audiência com os líderes destas plataformas sociais. Não é a primeira fez que isso acontece, mas essa foi a primeira vez que eles testemunharam perante o Congresso dos Estados Unidos depois do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro.
O objetivo da audiência era discutir o papel da mídia social na disseminação de desinformação e extremismo, e informações falsas sobre a pandemia.
Os deputados falaram em responsabilização das plataformas perante vários problemas, alegando, por exemplo, que a desinformação sobre a pandemia e as eleições de 2020 levaram à perda de vidas, e que as empresas devem ser responsabilizadas por permitir que a desinformação se espalhe. Também citaram questões como o bullying online e “práticas venenosas que levam à depressão, ao isolamento e ao suicídio”, alegando que as plataformas não estão fazendo nada para mudar isso, enquanto os jovens estão se perdendo. E claro, o ataque ao Capitólio.
Os CEOs tiveram a oportunidade de fazer comentários iniciais sobre as questões e depois responder a perguntas e comentários dos deputados:
Mark Zuckerberg, do Facebook, defendeu as ações da empresa ao lidar com a desinformação eleitoral e apontou responsabilidade do ex-presidente Trump no ataque ao Capitólio. “Não pegamos tudo, mas tornamos nossos serviços inóspitos para aqueles que podem causar danos”, disse Zuckerberg. “E quando temíamos que ele incitasse mais violência, suspendemos a conta do ex-presidente”. Também disse que “certamente havia conteúdo em nossos serviços e, dessa perspectiva, há mais trabalho que precisamos fazer“.
O CEO do Google, Sundar Pichai, defendeu a Seção 230 em seus comentários iniciais, passou pelas eleições e falou sobre políticas relacionadas à Covid-19 que o YouTube lançou. Já o CEO do Twitter, Jack Dorsey, assumiu alguma responsabilidade pela desinformação no Twitter e buscou valorizar sua ideia de que a moderação de conteúdo deveria ser um processo compartilhado e colaborativo.
Em depoimento escrito, Zuckerberg sugeriu que a legislação poderia exigir que as plataformas online tivessem sistemas para identificar e remover conteúdo ilegal, para receber proteção contra responsabilidades essenciais. Pichai se concentrou em melhorar a transparência de como as decisões de moderação de conteúdo são tomadas, enquanto Dorsey concentrou seu testemunho escrito na escolha de algoritmos.
Sobre a audiência em si, foram feitas muitas críticas sobre como os legisladores ficaram desorganizados “fazendo comentários sobre a cultura do cancelamento, Sr. Potato Head, e combinando competição, privacidade e moderação em um enorme problema insolúvel”, e de que, na verdade, os congressistas acabaram expondo suas queixas pessoais e deixaram de fornecer soluções. Além de não haver sinais de que a Câmara se aproximou mais da redação de verdadeiras reformas legislativas.
Sobre isso, em uma entrevista no início deste mês, o senador Chris Coons, que presidirá o subcomitê de privacidade e tecnologia do Comitê Judiciário, declarou que, em alguns casos, o Congresso não fazer nada é uma opção melhor: “Em uma área onde a tecnologia está se movendo com bastante rapidez, às vezes audiências de supervisão, cartas [e] conversas com os líderes das principais empresas de mídia social podem resultar nessas empresas mudando comprovadamente suas práticas mais rápido do que podemos legislar”.
Mas o questionamento é para além disso: e quando as audiências não conseguem forçar a mudança que o Congresso diz que deseja? Nessa última audiência poucas informações novas foram descobertas com os CEOs, e Dorsey inclusive adicionou tweets como favoritos e enviou enquetes durante a mesma – uma demonstração de que, na verdade, eles não estavam levando a audiência muito a sério.