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Foto do escritorVinicius Gambeta

Boicote de anunciantes ao Facebook

Se você está acompanhando um pouco das notícias das mídias sociais nas últimas semanas, deve ter visto algo sobre a polêmica dos posts do presidente americano Donald Trump. Nós postamos um resumo no início do mês, mas desde lá a situação foi escalonando – principalmente em relação ao Facebook.

Por conta de sua escolha de posicionamento, agora a empresa de Mark Zuckerberg está vendo o crescimento de uma campanha chamada ‘Stop Hate For Profit‘, que convoca anunciantes a retirar seus anúncios das redes do Facebook no mês de julho, para exigir que lidem com o racismo em suas plataformas. A campanha foi lançada pela Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor, Color of Change e pela organização anti-ódio Anti-Defamation, no início de junho, quando Trump publicou um texto com a frase “quando os saques começam, o tiroteio começa”, que foi moderada pelo Twitter, mas mantido no Facebook.

Mais de 100 pequenas empresas já aderiram a campanha, mas ela vem tomando força mesmo com a adesão de grandes marcas, como a operadora Verizon, a Mozilla, o varejista Eddie Bauer, a sorveteira Ben & Jerry’s, a produtora Magnolia Pictures, Patagonia, REI e The North Face.

Ainda não é uma onda enorme de anunciantes e que, por enquanto, não deve prejudicar o Facebook em termos de receita, mas estamos vendo os impactos que está tendo em sua credibilidade, gerando cada vez mais reações em parceiros da plataforma. E o Facebook sabe disso – nesta semana fizeram uma videoconferência com quase 200 anunciantes, na qual seu diretor de políticas públicas, Neil Potts, reconheceu que a posição da empresa no discurso político pode levar a grandes impactos, observando que: “Existe um déficit de confiança. Você tenta tomar uma decisão e as pessoas discordam e talvez isso construa esse déficit ainda mais“.

A vice-presidente de negócios globais do Facebook, Carolyn Everson, disse: “Respeitamos a decisão de qualquer marca e continuamos focados no importante trabalho de remover o discurso de ódio e fornecer informações críticas sobre votação. Nossas conversas com profissionais de marketing e organizações de direitos civis são sobre como, juntos, podemos ser uma força para o bem”.

Mark Zuckerberg, já declarou que revisará sua abordagem para esse conteúdo, mas nenhuma alteração foi implementada ainda. O Facebook também está a poucos meses de lançar seu Content Oversight Board, uma seleção de especialistas independentes que ajudarão a orientar suas decisões políticas, mas esse Conselho de Supervisão não estará em vigor antes das eleições presidenciais dos EUA em 2020.

Por enquanto o Facebook está mantendo sua posição inicial, mas considerando que arrecada mais de US$ 70 bilhões anualmente, e a maior parte disso vem diretamente dos anunciantes, se mais e mais reduzirem seus gastos com publicidade na plataforma (no momento em que o Facebook já está vendo uma desaceleração nos anúncios devido aos impactos expandidos do COVID-19), em algum momento, o Facebook precisará ouvir.

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